Integra Guandu

SITUAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA NA RH ll

A Região Hidrográfica II contempla uma área muito grande, dessa forma, para analisar a situação da Mata Atlântica na região, primeiramente, é preciso classificar quais os tipos de atividades e coberturas vegetais ocorrem na RH II. Tecnicamente, essas atividades e coberturas do solo são chamadas de “uso do solo”.

Para facilitar a compreensão acerca das diferentes atividades de uso do solo que ocorrem no território da RH II, o gráfico abaixo reúne os principais usos encontrados. Todas as bases dessas classificações são obtidas pelos dados do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram complementadas e atualizadas através da análise imagens de satélite de alta resolução. Os tipos de uso do solo estão descritos no gráfico abaixo:

Fonte: Consórcio STCP/Mater Natura (2022).

Conforme pode ser observado, o tipo de uso do solo predominante, ocupando aproximadamente 45% do total do território, está representado pela cobertura de floresta de Mata Atlântica.  Na RH II a Mata Atlântica é representada basicamente por dois tipos de florestas: a Floresta Ombrófila Densa, cuja vegetação é bastante densa e caracterizada como mata sempre verde, ou seja, não possuem períodos sem folha, normalmente ocorrem em regiões tropicais, úmidas (bastante chuvas) e quentes. No Brasil estão presentes, em sua maioria, na Mata Atlântica e Floresta Amazônica.  E pela Floresta Estacional Semidecidual, formada em áreas menos úmidas ou mais secas, em geral, ocupando ambientes entre áreas úmidas costeira (costas litorâneas) e o ambiente semiárido (interiores do continente mais secos). Esta formação vegetal apresenta como característica importante, uma razoável perda de folhas no período seco, aparentando estarem mortas, porém em períodos chuvosos suas folhas vistosas podem confundir com as Florestas Ombrófilas Densas. Entretanto, no período seco, nota-se a diferença entre elas. Outro fator que separa as duas formações são as espécies de ocorrência em cada tipo de floresta, que mesmo possuindo espécies em comum, também possuem espécies que não ocorrem nas duas formações, mas somente em uma delas.

Na RH II a existência dessas áreas florestais bem conservadas está diretamente relacionada à sua ocorrência em Áreas Protegidas, as Unidades de Conservação. Segundo estudos do Comitê Guandu, a recomposição vegetacional na região do Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaina () é muito importante, pois concentram em toda sua extensão muitos fragmentos de remanescentes de Mata Atlântica a serem interligados, mediante a criação de novas Unidades de Conservação, manutenção e expansão da vegetação existente.

Em contrapartida, as pastagens representam a segunda classe de uso do solo com maior expressão na RH II, revestindo em torno de 36% da região e ocupando as áreas serranas (por exemplo, parte dos municípios de Rio Claro, Piraí, Barra do Piraí e Paracambi) e parte da baixada fluminense não urbanizada (como porções do território de Seropédica, Queimados e Itaguaí).

A substituição dos cultivos agrícolas por pastagens ocorreu após o abandono da atividade cafeeira, em que a atividade agropecuária veio como alternativa ao colapso econômico cafeeiro, ampliando ainda mais as áreas ocupadas por pastagens.

Caracterização das florestas remanescentes da RH II

No que diz respeito às porções de florestas remanescentes do Estado do Rio de Janeiro, é possível dividi-las em cinco grandes compartimentos, quais sejam: 1) Região Norte Fluminense, 2) Região Serrana Central, 3) Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 4) Região Sul Fluminense e 5) Serra da Mantiqueira.

Conforme descrito por Carlos Frederico Duarte Rocha (2003), entre esses compartimentos, um dos mais bem conservados é a Região Sul Fluminense, que abrange as áreas florestais dos municípios de Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio Claro, parte de Itaguaí e a porção leste do Rio de Janeiro, especificamente a Ilha da Marambaia. É uma das regiões com a maior área de floresta contínua conservada do estado, abrigando em sua área várias unidades de conservação federais, estaduais e municipais.

De acordo com estudos do Comitê Guandu, realizados em 2018, as porções florestais mais expressivas nessa região, em termos de área ocupada, cobrem as escarpas ou encostas serranas, montanhas, morros e terrenos íngremes serranos de difícil acesso. Assim, a concentração dessas porções de florestas formam corredores de Mata Atlântica bem conservados no sentido noroeste para sudoeste da região.

Didaticamente os dois tipos de florestas de Mata Atlântica na RH II, Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual, ainda são sub divididas em duas outras classificações:

  1. A altitude que a floresta ocorre, que pode ser “alto montana” (maior que 1.500 m de altitude), exclusiva para a Floresta Ombrófila Densa, que ocorre em topo de morro, e “montana” (de 1.500 m a 500 m de altitude), “submontana” (de 500 m a 50 m de altitude) e de “terras baixas” (de 50 m a 5 m de altitude) para os dois tipos de floresta, e
  2. O estágio de regeneração da floresta, que pode variar de inicial, médio e avançado, sendo a “inicial” uma vegetação mais nova com poucas árvores pequenas e mais ervas, cipós e arbustos, em média áreas com 0 a 5 anos de regeneração; o estágio “médio” com árvores finas e mais baixas, em média não ultrapassando os 10 a 15 metros de altura, e com até 10 a 15 anos de regeneração, mas já com cara de floresta, e o estágio “avançado”, em que as árvores já são maiores, ultrapassando 10 a 15 m em média e áreas com mais de 15 anos de regeneração.

No gráfico abaixo são representadas as distribuições, em valores percentuais, dos fragmentos ou porções de florestas registradas no RH II – Guandu/RJ.

Em termos de representatividade, os fragmentos de Floresta Ombrófila Densa Montana em Estágio Avançado são os mais importantes, com uma área de 44.838,49 ha, o que representa 12,1% da RH II – Guandu/RJ. Em segunda posição, os fragmentos de Floresta Ombrófila Densa Submontana em Estágio Avançado revestem 41.075,70 ha (11,1%), seguido pela Floresta Estacional Semidecidual Montana em Estágio Avançado (30.982,12 ha – 8,3%) e a Floresta Estacional Semidecidual Submontana em Estágio Avançado (24.958,55 ha – 6,7%). Há de se observar que a maior parte destes fragmentos representativos encontra-se protegido em Unidades de Conservação estaduais e municipais.

Legenda: (FOD) Floresta Ombrófila Densa; (FES) Floresta Estacional Semidecidual; (FP) Formação Pioneira. Fonte: Consórcio STCP /Mater Natura (2022).

Floresta Ombrófila Densa

 

Floresta Estacional Semidesidual

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